segunda-feira, 31 de março de 2014

Projeto Futuro e Vida - Joinville

No intuito de contribuir para a formação cultural dos jovens em áreas como a música e o teatro, os Arautos do Evangelho têm levado o Projeto Futuro e Vida a inúmeros colégios do País. Dentre as instituições percorridas no mês de março, destacamos, em Joinville, a Escola Municipal Senador Carlos Gomes.

As apresentações musicais foram acompanhadas com muito interesse pelos alunos.

sexta-feira, 28 de março de 2014

O “Nobre Ofício”

Segundo certa mentalidade em vigor hoje, felicidade se identificaria com riqueza e prazer. Mas tempo houve em que o homem não pensava assim. E era feliz... 
O tema deste artigo é um “nobre ofício”. Qual será ele?
Seguramente — pensará algum leitor — o exercício de alguma elevada função na Corte Britânica. Ou, quem sabe, um cargo de grande responsabilidade no Vaticano, ou em alguma prestigiosa universidade, como a Sorbonne ou Coimbra?
Nada disto!
De que se trata, então?
Caro leitor, permita-me ajudá-lo. É algo que vem do passado, de um passado cristão. O “Nobre Ofício” era o título dado aos... sapateiros ingleses na Idade Média!
Efetivamente, os trabalhadores manuais da corporação dos sapateiros ufanavam-se, não somente da qualidade de seus produtos, mas também do próprio ofício que exerciam. A ponto de eles mesmos o designarem de o “Nobre Ofício”.
Não era fácil, porém, ser admitido na confraria. Para ser aceito como participante do “Nobre Ofício”, não bastava ser bom profissional. Era preciso também saber “cantar, tocar corneta de chifre, tocar flauta, manejar a lança, combater com espada, descrever em versos seus instrumentos de trabalho”.
A corporação de sapateiros ingleses, como inúmeras outras existentes na Europa medieval, era inteiramente independente do poder estatal, inclusive do Rei. Tinham essas corporações suas leis próprias, seus costumes, seus juízes — os “mestres juramentados” — que impunham sanções àqueles que se comportavam mal ou que, por suas trapaças, desprestigiavam a profissão.
Sobretudo, tinham seus capelães, seus santos padroeiros, suas igrejas, suas festas e procissões. Uma de suas principais preocupações era que todos os irmãos da confraria fossem bons cristãos.
Até hoje, por exemplo, pode-se ver na maravilhosa Catedral de Chartres (França) os vitrais de extraordinária beleza oferecidos pelos padeiros, pelos pescadores, pelos vinhateiros, ao lado dos que foram doados pela Rainha Branca de Castela, mãe do Rei São Luís.
O costume, impregnado de caridade cristã, fazia com que os confrades do “Nobre Ofício” se ajudassem mutuamente, em qualquer lugar onde se encontrassem. Podiam uns ser do norte, outros do sul, mas estavam todos unidos por um vínculo religioso que os levava a auxiliarem-se nas circunstâncias adversas.
Patrões, trabalhadores, aprendizes, cada qual conservando sua posição, se ajudavam, se protegiam e se estimulavam a progredir na vida cristã e... na qualidade dos sapatos que produziam.
Por exemplo, os “mestres juramentados” — em geral, os sapateiros mais idosos — repreendiam severamente o patrão que não cuidava da virtude de seus aprendizes, ou que prejudicava os fregueses pela má qualidade dos sapatos produzidos. Ao mesmo tempo, prestavam auxílio aos irmãos em situação de crise nos negócios, às viúvas e aos órfãos dos sapateiros falecidos.
Todos os ofícios da sociedade medieval estavam organizados da mesma forma. Constituíam verdadeiras irmandades dentro da sociedade civil, nas quais circulava a seiva do Evangelho.
Ufanavam-se de suas obras de caridade. Por exemplo, os ourives de Paris conseguiram licença para, um de cada vez, abrirem a loja nos domingos e dias festivos. O lucro obtido nesses dias destinava-se a oferecer uma refeição aos pobres no domingo de Páscoa. “Quem abre sua loja nesses dias, deposita na caixa da confraria tudo quanto ganhou (...) e, com esse dinheiro, se paga uma refeição para os pobres do Hospital de Paris, no dia de Páscoa de cada ano”.
Tudo isto era feito numa atmosfera de concórdia e alegria difícil de se entender em nossos dias.
Nas festas da cidade, as corporações desfraldavam suas bandeiras durante os desfiles solenes, disputando a preeminência. Constituíam elas pequenos mundos extraordinariamente dinâmicos, ativos e, sobretudo, cristãos, que davam à cidade seu impulso e sua fisionomia característica.
Eis um pitoresco fato ilustrativo de como se passavam as coisas quando o espírito da Santa Igreja Católica impregnava a sociedade civil.
O sapateiro Tom Drum encontrou-se em viagem com um jovem nobre arruinado e o convidou a ir com ele a Londres.
— Eu pago as despesas, e em Londres nos divertiremos muito.
— Pagas como?! Pensei que toda a tua fortuna não passasse de alguns centavos... — objetou o fidalgo.
Respondeu Tom Drum:
Explicar-te-ei. Se fosses sapateiro como eu, poderias viajar de um extremo a outro da Inglaterra com apenas um centavo no bolso. Em cada cidade encontrarias alojamento, comida e bebida, e nem sequer precisarias gastar teu único centavo. Os sapateiros não gostam de ver que falta algo a qualquer de seus colegas. Nosso regulamento estabelece o seguinte: se chega a uma cidade um companheiro sem pão nem dinheiro, basta-lhe apresentar-se. Não precisará preocupar-se, pois os sapateiros da cidade o receberão bem e lhe darão hospedagem e comida grátis. E se quiser trabalhar, a corporação tratará de arranjar-lhe emprego, ele não terá preocupações” 1.
1) As Cidades e as Instituições urbanas na Idade Média, apud Régine Pernoud, A Luz da Idade Média, pp. 71-72.

Pe. Juan Carlos Casté . Revista Arautos do Evangelho n. 23. Nov 2003

quarta-feira, 26 de março de 2014

MARIA NOS TROUXE A SALVAÇÃO EM NAZARÉ


Com suas ruas estreitas e calmas, aquela pequena cidade nos convida a esquecer um pouco o barulho e o corre-corre de nossos dias. As casas dão diretamente para a rua, deixando entrever seu interior através das janelas abertas. Ao passar diante de algumas delas, podemos até ouvir pontas de conversas entre seus moradores, o ruído de panelas na cozinha, o aroma delicioso da refeição quase a ser servida.
Nesta acolhedora e pacata localidade deparamos com uma modesta habitação. Seus ocupantes se desposaram há pouco: Maria e José, da Casa do rei David. Sim, estamos em Nazaré, dois mil anos atrás. Quem passe pela rua e veja essa casinha de tijolos aparentes, tão simples, tão pobre, não é capaz de imaginar que ali vai se passar o maior acontecimento da história da humanidade: a Encarnação de Jesus Cristo.
Maria, jovem de celestial formosura, de uma pureza angelical e uma delicadeza de coração incomparável, reza em seu quarto, ao entardecer. Pensa em como deve ser o Messias prometido pelos profetas: seu rosto, suas mãos, seu olhar. Pensa naquela mulher, privilegiada aos olhos de Deus, que deve ser a mãe do Salvador. Em sua profunda humildade, deseja ser escrava dessa excelsa criatura, digna de ser a Mãe de Deus. Pede ao Senhor que antecipe sua vinda para a Salvação da humanidade.
Estando Maria absorta nestas considerações, aparece-Lhe um Anjo resplandecente de luz. É São Gabriel, que lhe diz:
“Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.
E ela, tendo ouvido estas coisas turbou-se com as suas palavras, e discorria pensativa que saudação seria esta.” (Lc. 1, 26-29)
A prudência pede-lhe reflexão. Medita profundamente. Sem fixar os olhos, observa seu celeste mensageiro, num misto de temor e respeito, pois, segundo a tradição judaica, a visão de um anjo é anúncio de morte.
“E o anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de JESUS. Este será grande, será chamado filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu Pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó; e o seu reino não terá fim.” (Lc. 1, 30-33)
Carlota Crippa – Revista Arautos do Evangelho n.3. mar 2002


quinta-feira, 20 de março de 2014

A OBRA-PRIMA DE DEUS

Todo grande artista tem um sentimento de especial apreço pelas melhores obras que realiza. Sob certo aspecto, sente-se representado na sua criação, vendo nela transparecer, em boa medida, seus dotes, sua personalidade. Alguns adquirem uma tão grande “relação” com suas obras de arte que chegam a experimentar por elas um sentimento semelhante ao de um pai por seus filhos...
E, às vezes, para realçar a originalidade de seus trabalhos, fazem questão de acrescentar-lhes detalhes surpreendentes.
O renomado Diego Rodriguez de Silva y Velázquez, pintor barroco espanhol, nascido em Sevilha em 1599, é um exemplo característico disso. Após fazer uma carreira brilhante, na qual pintou quadros famosos, por encomenda de personalidades como o Papa Inocêncio X e o Rei Felipe IV, decidiu inovar: retratou-se a si próprio no ato de pintar sua célebre obra Las Meninas. Comentam os especialistas que, coincidentemente, Velázquez julgava ser esse quadro o ápice de sua produção.
De fato, no mundo da criatividade artística não faltam espaços para inovações.
A este propósito, imaginemos um pintor tomado por um grande desejo: criar uma obra de arte modelo, ponto de referência para todas as outras que ele viesse a produzir em sua vida. Contemplando-a, buscaria a inspiração para pintar as demais. Seria sua opera princeps!
Tomaria com certeza todas as medidas para que a matéria-prima fosse da melhor qualidade possível. Bons pincéis, tela apropriada para o tipo de pintura, tintas excelentes, um ateliê bem-arranjado, muita luminosidade. Enfim, prepararia com esmero ambiente e instrumentos.
E, sobretudo, sendo católico, quando iniciasse o trabalho, rezaria pedindo muita inspiração. Procuraria dar tudo de si, tentaria manifestar naquela tela todo o dom artístico que percebesse possuir, esforçando-se por produzir um como que “espelho” de seu talento.
Obviamente, quanto melhor fosse a qualidade do artista, mais bela seria a pintura.
Entretanto, se esse nosso pintor imaginário não fosse um simples mortal, mas o próprio Supremo Artista? Sim. Deus Nosso Senhor, que imagem grandiosa e bela não pintaria Ele?
E, de fato, Ele a “pintou”, com todo o amor e carinho, Aquela que é sua obra-prima entre as meras criaturas: Maria Santíssima, a imagem perfeita de Deus.
Com efeito, o grande São Tomás de Aquino afirma que em todo o Universo apenas três criaturas saíram das mãos de Deus com o máximo de perfeição possível: Jesus-homem, a visão beatífica e Nossa Senhora. Todas a demais poderiam ter sido criadas de modo mais perfeito do que o foram.
Maria é, pois, o modelo de santidade para todos os homens. É tão formosa que todas as demais obras criadas, comparadas a Ela, não são senão borrões, e a primeira “pincelada” em sua formação foi mais primorosa que os últimos retoques dos mais excelsos Anjos e Santos.

Humberto Luís Goedert - Revista Arautos do Evangelho. abril 2003

sábado, 15 de março de 2014

“Tome este glorioso Santo por mestre”

Só peço, por amor de Deus, que o comprove quem não acreditar em mim, e verá por experiência própria como é vantajoso encomendar-se e ter devoção a este glorioso Patriarca. Sobretudo as pessoas de oração deveriam ser-lhe afeiçoadas. Pois não sei como podem pensar na Rainha dos Anjos e no longo tempo que passou com o Menino Jesus, sem agradecer a São José pelo muito bem que lhes fez. Quem não encontrar mestre que lhe dê orientação na oração, tome este glorioso Santo por mestre, e não errará o caminho. 
                                                      (Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida)