Com
suas ruas estreitas e calmas, aquela pequena cidade nos convida a esquecer um
pouco o barulho e o corre-corre de nossos dias. As casas dão diretamente para a
rua, deixando entrever seu interior através das janelas abertas. Ao passar
diante de algumas delas, podemos até ouvir pontas de conversas entre seus
moradores, o ruído de panelas na cozinha, o aroma delicioso da refeição quase a
ser servida.
Nesta
acolhedora e pacata localidade deparamos com uma modesta habitação. Seus
ocupantes se desposaram há pouco: Maria e José, da Casa do rei David. Sim,
estamos em Nazaré, dois mil anos atrás. Quem passe pela rua e veja essa casinha
de tijolos aparentes, tão simples, tão pobre, não é capaz de imaginar que ali
vai se passar o maior acontecimento da história da humanidade: a Encarnação de
Jesus Cristo.
Maria,
jovem de celestial formosura, de uma pureza angelical e uma delicadeza de
coração incomparável, reza em seu quarto, ao entardecer. Pensa em como deve ser
o Messias prometido pelos profetas: seu rosto, suas mãos, seu olhar. Pensa
naquela mulher, privilegiada aos olhos de Deus, que deve ser a mãe do Salvador.
Em sua profunda humildade, deseja ser escrava dessa excelsa criatura, digna de
ser a Mãe de Deus. Pede ao Senhor que antecipe sua vinda para a Salvação da humanidade.
Estando
Maria absorta nestas considerações, aparece-Lhe um Anjo resplandecente de luz.
É São Gabriel, que lhe diz:
“Ave,
cheia de graça, o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.
E ela,
tendo ouvido estas coisas turbou-se com as suas palavras, e discorria pensativa
que saudação seria esta.” (Lc. 1, 26-29)
A
prudência pede-lhe reflexão. Medita profundamente. Sem fixar os olhos, observa
seu celeste mensageiro, num misto de temor e respeito, pois, segundo a tradição
judaica, a visão de um anjo é anúncio de morte.
“E o
anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus; eis que
conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de JESUS.
Este será grande, será chamado filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o
trono de seu Pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó; e o seu reino não
terá fim.” (Lc. 1, 30-33)
Carlota
Crippa – Revista Arautos do Evangelho n.3. mar 2002
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