quinta-feira, 5 de junho de 2014

Deus nos amou desde toda a eternidade

Para melhor avaliarmos a extensão e o valor desta caridade consideremos ser ela eterna e não circunscrita no tempo. O homem pode sentir afeto ou repulsa apenas por objetos cuja existência conhece. Com Deus, entretanto, o fenômeno dá-se de forma diversa. Ele, afirma São Tomás, “conhece todas as coisas, não apenas as que existem em ato, como também aquelas que estão em sua potência ou na potência das criaturas. [...] Seu olhar recai desde toda eternidade sobre todas as coisas, como estão em sua presença”. 1
Assim, o Criador nos amou de modo incalculável muito antes de dar-nos a existência. Considerando o mundo dos possíveis divinos, escolheu-nos a cada um em particular, tendo-nos presente em sua Redenção. Pois, acrescenta o Doutor Angélico, “embora as criaturas não tenham existido desde toda a eternidade, senão em Deus, entretanto, por terem existido em Deus desde toda a eternidade, Ele as conheceu desde toda a eternidade em suas próprias naturezas; e por isso mesmo as amou”.2
Não há nenhum indivíduo igual a outro, porque através da participação exclusiva nos atributos divinos estabelece-se um relacionamento do Criador conosco, e nosso com Ele, extraordinário, pessoal e único, que é a melhor das preparações para a eterna bem-aventurança. Porque Deus não nos ama apenas segundo o bem posto por Ele em nossa natureza humana ao nos criar, mas de acordo com o estado de perfeição que teremos na Visão Beatífica — se até lá chegarmos —, purificados pelo Preciosíssimo Sangue da Redenção.
Em síntese, para o Sagrado Coração de Jesus cada um de nós é filho, e filho único, amado de forma inimaginável desde muito antes de nascer!
2 SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. I, q.14, a.13.

3 Idem, ibidem, I, q.20, a.2, ad.2.

Extraído da Revista Arautos do Evangelho n.126. jun 2012. Mons. João Clá Dias. Comentários a Solenidade do Sagrado Coração

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