A obediência de Maria
inspirou a concepção do Verbo de Deus; a obediência de Maria
presidirá também ao nascimento do Salvador dos homens.
Façamos em espírito uma
visita a Belém: Maria e José, vindos para o recenseamento imposto
por Augusto, procuram uma casa para abrigar sua pobreza. Por toda
parte, as portas se fecham diante deles. Estão no isolamento e no
infortúnio. Maria não reclama, pois vê nessa provação a
manifestação da vontade divina. Obedece com humildade e Se refugia
num estábulo. Ali se completa o grande mistério de amor. Logo Maria
envolve em seus trêmulos braços o Verbo de Luz. Como berço, a
Providência oferece apenas uma manjedoura; e como vestimentas, a
mais absoluta privação. Maria obedece sempre e, sussurrando o
“Fiat” da Encarnação, embala seu recém-nascido.
No quadragésimo dia após o
nascimento de Jesus, a voz de Deus de novo fala a Maria e A convida a
Se purificar no Templo. Mas, como essa lei poderia atingir a Virgem
Imaculada, cuja maternidade milagrosa não tinha qualquer resquício
da mancha original? Pouco importa! Deus falou, Maria obedece e Se
junta às outras mães, para compartilhar a humilhação. “Fiat
mihi secundum verbum tuum”.
Ei-La, enfim, na paz de
Nazaré. Maria poderá livremente prodigalizar a seu Divino Filho
todas as efusões de sua ternura. Infelizmente, não! Aparece
novamente o Anjo do Senhor e comunica a ordem de partir para o Egito.
Um cruel tirano, Herodes, tramou a morte de Jesus. É o exílio, com
suas incertezas e seus perigos. Maria, entretanto, não cessa de
obedecer: repetindo seu “Fiat”, Ela aperta a seu coração
angustiado o doce Salvador do mundo e foge a toda pressa para a terra
do Egito.
L’Ami
du Clergé Paroissial”, 1905, pp. 529-530 In Revista Arautos do
Evangelho n.53. Maio 2006
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