Naturalmente
todos nós sentimos um terror diante da morte. Como se explica,
então, o fato de tantos mártires caminharem felizes ao encontro
dela? O martírio, esse foi o tema abordado com as jovens do Projeto
Futuro e Vida. E para exemplificar foi contado e encenado o martírio
de Santa Cecília que narraremos a seguir.
Mártir
dos primeiros tempos do cristianismo, sua história nos chega com
detalhes de difícil comprovação, tornando complicado distinguir o
que foi acrescentado ao longo dos séculos, embora o relato de seu
martírio conste já em documentos do século IV. Santa Cecília
enfrentou os duros tempos de perseguição aos cristãos, sempre
tocando sua harpa ou cítara para acompanhar suas melodiosas canções.
Era este seu modo de expressar aquele amor de Deus que abrasava sua
alma pura e virginal.
Desde
muito menina, Cecília via as belezas do universo como símbolo da
grandeza de Deus. Alma contemplativa, vendo o nascer ou o pôr-do-sol,
as estrelas ou mesmo as variações das estações, mantinha o
espírito voltado para Deus e exclamava: “Oh! Quão grande e bom é
o Senhor! Quero amá-Lo sempre. Quero amá-Lo, muito!...”
Converteu
seu marido e o irmão deste ao cristianismo. Após do martírio dos
dois Cecilia avisada, previu que seria ela a próxima vítima da
cruel perseguição. Distribuiu todos os seus bens e entregou seu
palácio ao Papa, para ser transformado numa igreja. Capturada,
deixou seu perseguidor furioso com suas sábias respostas cheias de
fé e de amor a Deus, e foi condenada a morrer sufocada pelos vapores
das caldeiras do próprio palácio. Depois de um dia e uma noite
dentro de um recinto hermeticamente fechado, foi ela encontrada viva,
cantando e sorrindo, em meio a um ar fresco.
Decidiu-se,
então, que devia morrer decapitada. Mas o carrasco, ao ver aquela
jovem que, com a fortaleza de um guerreiro que entra no campo de
batalha, oferecia o pescoço com tanto desejo de morrer, vacilou...
deu-lhe um golpe, mas não a matou. Depois um segundo e um terceiro
golpe, sofrendo Cecília feridas tremendas. A santa caiu, mas a
cabeça continuou prodigiosamente unida ao corpo. A lei romana
proibia dar um quarto golpe e o carrasco, cheio de espanto, fugiu.
Três
dias passou Cecília entre a vida e a morte, sendo afinal encontrada
pelos cristãos, que se apressaram em chamar o Sumo Pontífice. Este
ainda teve tempo de ministrar-lhe os últimos sacramentos. Para
manifestar sua fé na Unidade e Trindade de Deus, Santa Cecília
mostrava àqueles que a assistiam o polegar de uma mão e três dedos
de outra. Depois inclinando a cabeça, expirou.
O
martírio de Santa Cecilia é para nós um modelo de como
enfrentarmos o momento de nossa própria morte. Tenhamos esse
espírito de confiança e humildade manifestado por Santa Cecília.
Nunca
imaginemos que, por sermos cristãos, devotos de Maria Santíssima e
praticarmos boas obras, não seremos tentados nem fraquejaremos na
última hora. Devemos, sim, pedir a graça de sermos vigilantes sobre
nós mesmos, a graça de resistir sempre à tentação quando esta se
apresente, compreendendo que o espírito pode estar pronto, mas a
carne é fraca.
De
modo especial peçamos a Nossa Senhora que nos assista com sua
misericórdia no momento de deixarmos este mundo rumo à eternidade.
A graça de termos uma boa morte deve ser pedida com toda a
insistência, pois não sabemos o que pode nos suceder no derradeiro
instante de nossa vida.
Imploremos,
pois, essa confiança em Deus e esse auxílio sobrenatural do Céu,
único remédio para evitarmos o terror malsão diante da morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário