quarta-feira, 1 de abril de 2015

A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA

Aproveitemos esta Semana Santa para meditarmos no amor demonstrado por Nosso Senhor Jesus Cristo naquela Ceia suprema, precedida pela generosidade do lava-pés e coroada pela instituição da Eucaristia!
Como é bom o Senhor Jesus! Como é amoroso! - Não satisfeito de fazer-se nosso irmão pela Encarnação, nosso Salvador pela Paixão, - não contente de entregar-Se por nós, quer levar o amor ao ponto de tornar-Se nosso Sacramento de vida!
Com que alegria preparou Ele esse grande e supremo dom de sua dileção!
Com que felicidade instituiu a Eucaristia e no-la deixou em testamento!
Acompanhemos a divina Sabedoria na preparação da Eucaristia. - Adoremos seu poder, exaurindo-se ela própria nesse ato de amor.
Jesus revela a Eucaristia com grande antecedência
Nasce em Belém, a casa do pão, domus panis. - Ali, acha-Se deitado sobre a palavra, que parece então suportar as espigas do verdadeiro trigo.
Em Caná e no deserto, ao multiplicar os pães, é a Eucaristia que Ele revela; ali também, Jesus promete a Eucaristia. É uma promessa pública, formal.
Ele afirma, com juramento, que dará a sua carne por comida e o seu sangue por bebida.
É a preparação remota. - Chega depois o momento de preparar mais imediatamente a Eucaristia.
Neste caso, Jesus mesmo quer preparar tudo. - O amor não transfere; o amor tudo faz por si mesmo. É a sua glória.
Ora, Jesus designa a cidade: Jerusalém, a cidade do sacrifício da antiga Lei.
Designa a casa: o Cenáculo.
Escolhe os ministros dessa obra: Pedro e João. - Pedro: o discípulo da fé, - João: o discípulo do amor.
Indica a hora: a última de sua vida, da qual poderá dispor livremente.
Enfim, dirige-se de Betânia ao Cenáculo: está alegre; ativa o passo; tarda-lhe chegar. O amor voa ao encontro do sacrifício.
Mas eis a instituição do augusto Sacramento. Que momento! Soou a hora do amor; vai consumar-se a Páscoa mosaica; o Cordeiro verdadeiro vai substituir a figura; - o Pão de vida, o Pão vivo, o Pão do céu, substitui o maná do deserto... Tudo está pronto; os Apóstolos estão puros: Jesus acaba de lavar-lhes os pés. - Jesus senta-Se modestamente à mesa: é necessário comer a nova Páscoa assentado, no repouso de Deus.
Faz-se grande silêncio: os Apóstolos acham-se atentos e olham.
Jesus recolhe-Se em Si mesmo; toma o pão em suas santas e veneráveis mãos, ergue os olhos ao Céu, rende graças a seu Pai por esta hora tão desejada, estende a mão, abençoa o pão...
E enquanto os Apóstolos, penetrados de respeito, não ousam perguntar a significação desses símbolos tão misteriosos Jesus pronuncia as arrebatadoras palavras, tão poderosas quanto a palavra criadora: Tomai e comei, isto é o meu Corpo. Tomai e bebei, isto é o meu Sangue.
Está consumado o mistério do amor. Jesus cumpriu a sua promessa. Nada mais tem a dar, senão a sua vida mortal na cruz; Ele a dará e ressuscitará para tornar-Se nossa Hóstia perpétua de propiciação, Hóstia de comunhão, Hóstia de adoração.
O Céu acha-se arrebatado à vista desse mistério. A Santíssima Trindade o contempla com amor. Os Anjos o adoram, tomados de admiração.
E de que estremecimentos de raiva não são tomados os demônios nos infernos!...
Sim, senhor Jesus, tudo está consumado! Nada mais tendes para dar ao homem, para provar-lhe o vosso amor. - Agora podeis morrer; não nos deixareis, nem pela morte. - Vosso amor acha-se eternizado sobre a terra; voltai ao Céu de vossa glória, a Eucaristia será o Céu do vosso amor.
Ai de nós! Se o amor de Jesus no Santíssimo Sacramento não nos conquistar o coração, Jesus estará vencido - Nosso ingratidão será maior que sua bondade; nossa malícia mais poderosa que sua caridade!

São Pedro Julião Eymard

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