sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Um angustiante problema financeiro

Folheando as atas do processo de beatificação da Serva de Deus, Sor Teresinha do Menino Jesus, encontramos, além de seus escritos e das declarações das testemunhas, também o relato de milagres realizados por ela post mortem.
Num desses, operado no mosteiro carmelita de Gallipoli (Itália), Santa Teresinha confirma a segurança e a santidade de sua “pequena via”.
No mês de janeiro de 1910, o Carmelo de Gallipoli encontrava-se numa situação econômica catastrófica: em matéria de alimentação, as freiras estavam reduzidas a um quilo de pão para cada uma, por semana; havia dias em que, nada havendo para comer, elas iam para a capela rezar, em vez de ir para o refeitório.
Passou por lá nessa época uma religiosa da Congregação das Marcelinas, de Milão, falou-lhes da jovem Serva de Deus Teresinha do Menino Jesus e lhes deu de presente a tradução italiana da História de uma Alma.
As carmelitas de Gallipoli se entusiasmaram com essa sua irmã de hábito morta em odor de santidade na França e iniciaram, por intercessão dela, um tríduo à Santíssima Trindade, pedindo a solução de seu angustiante problema financeiro.
No dia 16 desse mesmo mês de janeiro, a Madre Priora, Sor Maria Carmela do Coração de Jesus, caiu doente com febre e mal-estar, devido às preocupações pelas dívidas do seu mosteiro. Ela própria narra o que aconteceu nessa noite.
 “Aqui tens 500 francos para pagar as dívidas”
Por volta de três horas da madrugada — conta ela — senti que uma mão me cobria com muita ternura com o cobertor que havia caído. Julgando ser uma religiosa do convento, disse-lhe sem abrir os olhos:
— Deixa-me, estou transpirando muito.
Ouvi então uma voz doce e desconhecida que me dizia:
— Não, o que estou fazendo é uma coisa boa. Escuta, o bom Deus se serve dos habitantes do Céu, como dos da terra, para socorrer os seus servidores. Toma, aqui tens 500 francos para pagar as dívidas da comunidade.
— A dívida da comunidade é de apenas 300 francos.
— Pois bem, restarão 200. Agora, como não podes guardar dinheiro na cela, vem comigo.
Eu, porém, pensei: “Como levantar-me? Estou cheia de suores”. Então a celeste visão me disse sorrindo: “A bilocação nos ajudará”.
Encontrei-me imediatamente fora da cela em companhia de uma jovem carmelita cujo hábito e véu deixavam transparecer uma claridade paradisíaca que nos iluminava o caminho.
Ela conduziu-me à sala onde guardávamos o dinheiro em uma pequena caixa. Ali estava a anotação das dívidas da comunidade, e ali ela depositou os 500 francos. Olhei-a com uma admiração cheia de alegria e me prosternei para lhe agradecer, dizendo: “Oh! Minha Santa Madre!” (É assim que as carmelitas se referem a Santa Teresa de Ávila). Ela, porém, acariciando-me com muito afeto, disse: “Não, não sou nossa Santa Madre, sou a Serva de Deus Sor Teresa de Lisieux”.
Então a jovem religiosa, acariciando-me uma vez mais com amor, afastou-se suavemente.
“Minha via é segura e não me enganei seguindo-a”
Atônita pelo que acabava de suceder, e pensando que Santa Teresinha não encontraria a porta de saída do Carmelo, a Priora disse-lhe um tanto maquinalmente:
— Cuidado, poderia errar o caminho!
— Não, não, minha via é segura e não me enganei seguindo-a — respondeu a Santa com um sorriso celestial. Sor Maria Carmela levantou-se imediatamente e foi para a Capela. As religiosas, notando nela algo diferente, lhe perguntaram o que havia acontecido. Ela lhes narrou a maravilhosa visão e foram todas ver a caixa onde se guardava o dinheiro do Carmelo, e lá encontraram a nota de 500 francos!

Revista Arautos do Evangelho – Setembro 2005

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