Conta-se que um monge, refugiando-se na solidão do deserto
para dedicar-se somente à oração e à penitência, afirmava que tinha muito o que
fazer. Como seria possível que em sua solidão tivesse tanto trabalho?
Resolveram perguntar-lhe e eis sua resposta:
- Tenho de domar dois falcões, treinar duas águias, acalmar
dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um asno e sujeitar um leão.
- Mas, não vemos nenhum animal perto do local onde o senhor
mora. Onde estão estes animais?
O monge com muita
gravidade explicou:
- Estes animais, todos os homens têm. Os senhores também os
têm! Os dois falcões se lançam sobre tudo o que aparece, sendo bom ou mau.
Tenho de domá-los para que só se fixem sobre “uma” boa presa! São os meus
olhos!
As duas águias ferem e
destroçam com suas garras. Tenho de treiná-las para que sejam úteis e ajudem
sem ferir. São as minhas mãos!
Os dois coelhos querem
ir onde lhes apetece, fugindo dos demais e esquivando-se das dificuldades...
Tenho de ensinar-lhes a ficarem quietos, mesmo sendo penoso, problemático ou
desagradável. São os meus pés!
O mais difícil é
vigiar a serpente. Apesar de estar presa numa jaula de 32 barras, mal se abre a
jaula, está sempre pronta para morder e envenenar os que a rodeiam. Se não a
vigio de perto – causa danos. É a minha língua!
O burro é muito
obstinado e não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar cansado e se
recusa a transportar a carga de cada dia. É o meu corpo!
Finalmente, preciso subjugar o leão... Ele quer ser sempre o
rei, o mais importante. É vaidoso e orgulhoso! É o meu coração! Portanto, há
muito o que fazer!
Aprendamos com esse monge que devemos fazer todo o esforço
para combater as nossas más inclinações. Entretanto, não nos esqueçamos de que
tudo vem com a graça e que com as nossas próprias forças nada podemos. Peçamos
por intercessão de Nossa Senhora, que é a Medianeira de todas as graças, que
Ela nos obtenha as graças para alcançarmos a santidade.
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